domingo, 19 de janeiro de 2014

Diferença salarial entre homens e mulheres é realidade no Brasil

     Após dez anos em queda, a diferença salarial entre homens e mulheres volta a crescer no Brasil. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), os homens ainda ganham mais que as mulheres, que tem rendimento médio mensal equivalente a 72,9% do dos homens. Em 2012, a renda média mensal masculina foi de R$1698,00 e das mulheres, de R$1238,00.
Gráfico: Revista Veja

Janaina Morais, de peruca loira, participa da Marcha das Vadias.
Foto: Arquivo Pessoal
    Os movimentos feministas no mundo todo foram criados para combater os preconceitos de gênero e, além da discussão da posição da mulher no que diz respeito a sexualidade, questões como a posição profissional e na família não são deixadas de lado.
 A pesquisadora Janaina Morais, mestranda de Ciências Sociais da UFJF e feminista estuda o movimento Marcha das Vadias. Ela acredita que o preconceito sexual, presente em ambientes familiares, também se reflete no trabalho. A pesquisadora afirma que, com o posicionamento da mulher na defesa da igualdade, a questão salarial também é levada a discussão, tanto em veículos midiáticos, como novelas e séries, como no próprio noticiário, o que estimula o debate em empresas e no meio familiar.
 Janaina acredita que a diferença salarial constatada nas pesquisas é um fator histórico que se reflete até a atualidade.

Discriminação de gênero pode gerar multa

     Desde 2011, foi instituído na Consolidação das Leis do Trabalho o Decreto-Lei n°5.452 que estabelece multa em favor da profissional correspondente a cinco vezes a diferença salarial verificada em todo o período de contratação. Além de defender as diferenças de sexo, a lei se aplica a discriminação por idade, cor ou situação familiar. A lei completa você encontra aqui.
     O advogado Lucas Carvalho acredita que a busca legal dos direitos é essencial para que a equiparação salarial seja feita no Brasil. Para ele, muitos processos ainda ocorrem no país por esse motivo e só com recursos legais que o problema poderá ser resolvido.
     Lucas afirma que nos últimos cinco anos o número de mulheres que buscam meios legais de  exigir direitos por abusos no trabalho tem se elevado e que o ganho de causa é praticamente certo. Ele explica como a mulher pode buscar seus direitos:

Mulheres são maioria nas universidades

     Mesmo com a diferença salarial, o público feminino é o que ocupa maior número de vagas nas universidades do Brasil. Segundo o CENSO do Ensino Superior, organizado pelo Ministério da Educação (MEC), 57% das vagas em universidades são ocupadas por mulheres.
     Entretanto, a diferença salarial duplica entre os homens e mulheres que fizeram faculdade. As mulheres ganham, em média, 41% a menos do que seus colegas que estudaram tanto quanto elas. A licença-maternidade é colocada como a principal razão para que os empregadores paguem menos as mulheres.
Patrícia Duarte em mobilização da ANEL.
Foto: Sindicato dos Professores de Juiz de Fora
     Analisando a situação das mulheres dentro do setor educacional a desigualdade se repete. De acordo com levantamento da União Nacional dos Estudantes (UNE) apenas no ensino básico as profissionais do sexo feminino são maioria, com 83% das vagas. No ensino fundamental, 93% são professoras.
      A representante da Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (ANEL)  e estudante de Pedagogia Patrícia Duarte acredita que esses números refletem até a atualidade como a mulher era vista nas sociedades ao longo do século XIX: "Quando começou a surgir os cursos superiores, apenas os homens poderiam cursar, não havia advogadas e médicas se formando. Para as mulheres havia apenas a opção do Magistério e essa colocação que é feita desde o século XX se reflete até hoje", conta.
     Nas universidades este número se inverte. Apenas 40% dos docentes são mulheres, o que mostra a diferença de gêneros quando um maior grau de conhecimento é exigido. O mesmo acontece nas reitorias, onde majoritariamente os cargos são ocupados por homens.
Professora Gheysa durante visita técnica em Ouro Preto.
Foto: Reprodução
Para a professora e coordenadora do curso de Eventos do IF Sudeste Gheysa Gama, essa discrepância tem mudado significativamente nos últimos anos: " A inserção da mulher em cargos no ensino superior tem mudado nos últimos tempos. É claro que o fator histórico deve ser considerado, mas é um erro que aos poucos está sendo corrigido. Cada vez mais as mulheres estão participando de turmas de Mestrado e Doutorado que reflete diretamente na formação de professoras para o Ensino Superior", analisa.




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