Após
dez anos em queda, a diferença salarial entre homens e mulheres volta a crescer
no Brasil. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), os homens
ainda ganham mais que as mulheres, que tem rendimento médio mensal equivalente
a 72,9% do dos homens. Em 2012, a renda média mensal masculina foi
de R$1698,00 e das mulheres, de R$1238,00.
Gráfico: Revista Veja
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| Janaina Morais, de peruca loira, participa da Marcha das Vadias. Foto: Arquivo Pessoal |
A
pesquisadora Janaina Morais, mestranda de Ciências Sociais da UFJF e feminista estuda o movimento Marcha das
Vadias. Ela acredita que o preconceito sexual, presente em ambientes familiares, também se reflete no trabalho. A pesquisadora afirma que, com o posicionamento da mulher na defesa da igualdade, a questão salarial também é levada a discussão, tanto em veículos midiáticos, como novelas e séries, como no próprio noticiário, o que estimula o debate em empresas e no meio familiar.
Janaina acredita que a diferença salarial constatada nas pesquisas é um fator histórico que se reflete até a atualidade.
Janaina acredita que a diferença salarial constatada nas pesquisas é um fator histórico que se reflete até a atualidade.
Discriminação de gênero pode gerar multa
Desde
2011, foi instituído na Consolidação das Leis do Trabalho o Decreto-Lei n°5.452
que estabelece multa em favor da profissional correspondente a cinco vezes a
diferença salarial verificada em todo o período de contratação. Além de
defender as diferenças de sexo, a lei se aplica a discriminação por idade, cor
ou situação familiar. A lei completa você
encontra aqui.
O advogado Lucas Carvalho acredita que a busca legal dos direitos é
essencial para que a equiparação salarial seja feita no Brasil. Para
ele, muitos processos ainda ocorrem no país por esse motivo e só com
recursos legais que o problema poderá ser resolvido.
Lucas afirma que nos últimos cinco anos o número de mulheres que buscam meios legais de exigir direitos por abusos no trabalho tem se elevado e que o ganho de causa é praticamente certo. Ele explica como a mulher pode buscar seus direitos:
Lucas afirma que nos últimos cinco anos o número de mulheres que buscam meios legais de exigir direitos por abusos no trabalho tem se elevado e que o ganho de causa é praticamente certo. Ele explica como a mulher pode buscar seus direitos:
Mulheres são maioria nas universidades
Mesmo
com a diferença salarial, o público feminino é o que ocupa maior número de
vagas nas universidades do Brasil. Segundo o CENSO do Ensino Superior,
organizado pelo Ministério da Educação (MEC), 57% das vagas em universidades são
ocupadas por mulheres.
Entretanto, a diferença salarial duplica entre os homens e
mulheres que fizeram faculdade. As mulheres ganham, em média, 41% a menos do
que seus colegas que estudaram tanto quanto elas. A licença-maternidade é
colocada como a principal razão para que os empregadores paguem menos as
mulheres.
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| Patrícia Duarte em mobilização da ANEL. Foto: Sindicato dos Professores de Juiz de Fora |
A representante da Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (ANEL) e estudante de Pedagogia Patrícia Duarte acredita que esses números refletem até a atualidade como a mulher era vista nas sociedades ao longo do século XIX: "Quando começou a surgir os cursos superiores, apenas os homens poderiam cursar, não havia advogadas e médicas se formando. Para as mulheres havia apenas a opção do Magistério e essa colocação que é feita desde o século XX se reflete até hoje", conta.
Nas universidades este número se inverte. Apenas
40% dos docentes são mulheres, o que mostra a diferença de gêneros quando um
maior grau de conhecimento é exigido. O mesmo acontece nas reitorias, onde
majoritariamente os cargos são ocupados por homens.
Para a professora e coordenadora do curso de Eventos do IF Sudeste Gheysa Gama, essa discrepância tem mudado significativamente nos últimos anos: " A inserção da mulher em cargos no ensino superior tem mudado nos últimos tempos. É claro que o fator histórico deve ser considerado, mas é um erro que aos poucos está sendo corrigido. Cada vez mais as mulheres estão participando de turmas de Mestrado e Doutorado que reflete diretamente na formação de professoras para o Ensino Superior", analisa.
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| Professora Gheysa durante visita técnica em Ouro Preto. Foto: Reprodução |




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